terça-feira, 27 de março de 2012

O apelo do Papa aos católicos cubanos


  
(26/3/2012) Por ocasião dos 400 anos da descoberta da imagem da Virgem da Caridade, padroeira de Cuba., Bento XVI presidiu na Praça Antonio Maceo de Santiago de Cuba a Santa Missa durante a qual entregou à Virgem da Caridade a Rosa de Ouro
A homilia da Missa desta segunda-feira à tarde, em Santiago de Cuba, com a Igreja universal a celebrar a festa mariana da anunciação do Senhor, foi naturalmente centrada no mistério da incarnação. O Papa começou por interrogar-se o que significa este mistério, que São João exprime com as palavras “O Verbo fez-se carne e habitou no meio de nós”.

“A expressão «fez-Se carne» indica a realidade humana mais concreta e palpável. Em Cristo, Deus veio realmente ao mundo, entrou na nossa história, habitou no meio de nós, realizando assim a profunda aspiração do ser humano de que o mundo seja realmente uma casa para o homem. Pelo contrário, quando Deus é posto de lado, o mundo transforma-se num lugar que não é hospitaleiro para o homem, frustrando ao mesmo tempo a verdadeira vocação da criação que é ser o espaço para a aliança, para o «sim» do amor entre Deus e a humanidade que Lhe responde.”

Com a anunciação do arcanjo são Gabriel a Maria, somos levados a descobrir que “o nosso Deus, ao entrar no mundo, quis contar com o consentimento livre de uma sua criatura”. “É comovedor ver como Deus não só respeita a liberdade humana, mas parece mesmo ter dela necessidade”.

“Deus criou-nos como fruto do seu amor infinito; por isso viver segundo a sua vontade é o caminho para encontrar a nossa verdadeira identidade, a verdade do nosso ser, enquanto que o distanciamento de Deus nos afasta de nós mesmos e precipita-nos no vazio.
A obediência na fé é a verdadeira liberdade, a autêntica redenção, que permite unirmo-nos ao amor de Jesus no seu esforço por Se conformar com a vontade do Pai. A redenção é sempre esse processo de levar a vontade humana à plena comunhão com a vontade divina.”

Pelo seu papel insubstituível no mistério de Cristo, a Virgem Maria representa a imagem e o modelo da Igreja – recordou o Papa, que declarou conhecer “o esforço, audácia e abnegação” demonstradas pelos fiéis cubanos para fazer refletir, nas circunstâncias concretas do país, o verdadeiro rosto da Igreja…

“A Igreja, corpo vivo de Cristo, tem a missão de prolongar na terra a presença salvadora de Deus, de abrir o mundo para algo maior do que ele mesmo, ou seja, para o amor e a luz de Deus.
Vale a pena, amados irmãos, dedicar toda a vida a Cristo, crescer cada dia na sua amizade e sentir-se chamado a anunciar a beleza e a bondade da própria vida a todos os homens, nossos irmãos.”

A concluir, Bento XVI evocou especialmente o lugar do matrimónio e da família na concretização do projeto de Deus, com a “incomparável dignidade de cada vida humana”:

O mistério da Encarnação, em que Deus Se aproxima de nós, mostra-nos também a dignidade incomparável de cada vida humana. Por isso, no seu projeto de amor, desde a criação, Deus confiou à família fundada no matrimônio a sublime missão de ser célula fundamental da sociedade e verdadeira Igreja doméstica.”

“Cuba tem necessidade do testemunho de fidelidade dos esposos , da sua unidade, da sua capacidade de acolher a vida humana” – insistiu o Papa, que concluiu com um apelo aos católicos cubanos, “para que vivam de Cristo e para Cristo, lutando – com as armas da paz, do perdão e da compreensão, para construir uma sociedade aberta e renovada, uma sociedade melhor, mais digna do homem, que reflita a bondade de Deus”.
(homilia integral em viagens apostolicas)


Fonte: Rádio Vaticano